Como prometido no início do ano, vou voltar a comentar sobre livros. Alguns meses atrás tive a felicidade de ler uma obra prima chamada "Diário de um Skinhead - um infiltrado no movimento neonazista" do jornalista espanhol Antonio Salas. Li o livro para a prova de Téc. de Entrevista e Reportagem II e confesso que ele me chamou atenção desde o momento em que o professor pediu pra que cada um escolhesse um livro entre as opções dadas. Enquanto ele explicava o que teríamos que fazer, o livro de capa vermelha já dançava em minhas mãos e eu tinha certeza de que seria ele.
"Diário de um Skinhead" narra, pela voz do próprio autor, todas as emoções vividas durante quase dois anos de infiltração no mundo dos neonazistas espanhóis. Sempre com uma câmera escondida Antonio filmou atos de vandalismo, preconceito, humilhação e tudo que se possa imaginar vindo dos skinheads. O livro é organizado em várias partes e segue a ordem de descoberta do autor. Entre os vários capítulos ele destrincha o estilo musical curtido pelos cabeças rapadas desde o surgimento até os dias atuais, passando pelas principais bandas, seus membros e os concertos que ele visitou.
Ele fala também sobre os fanzines, livros e vídeos produzidos e vendidos pelos neonazistas. As influências exercidas por eles em torcidas de times de futebol como o Real Madri, as vestimentas, como se portam, seus principais pensamentos, as skingirls, toda a origem do movimento e vários detalhes que eu não conseguiria descrever com a mesma perfeição que Salas.
O fato é que o jornalista conseguiu mostrar ao mundo como pensam e como vivem os neonazistas e que essa "bomba" pode explodir a qualquer momento. A coragem de Antonio Salas serviu para nos presentear com esse relato e também para mostrar que o trabalho de jornalista infiltrado ainda tem seu valor, mesmo que seja bastante perigoso.
Um momento valioso do livro é prestar atenção em toda a preparação feita pelo autor, contada nos primeiros capítulos. Desde as roupas, a cabeça raspada e uma tatuagem no braço até cobrir as paredes do apartamento com fotos dos generais nazistas, ouvir seus hinos dia e noite e mergulhar de cabeça nos vários livros para entender o contexto histórico do movimento. Vale lembrar também as noites viradas na internet para se infiltrar nos chats neonazistas e descobrir todos os seus segredos.
Quem gosta de jornalismo investigativo, de saber mais sobre os neonazistas ou simplesmente de um bom livro não pode deixar de ler "Diário de um Skinhead". É uma obra maravilhosa que merece ser passada a frente.
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